Rádio - um elemento químico radioativo

O rádio é um elemento radioativo descoberto pelo casal Curie. Nos primeiros anos de sua descoberta, acreditava-se que ele poderia ser usado para curar muitas enfermidades.

Um selo impresso em Cuba honrando o 40 º aniversário de descoberta do rádio mostra Pierre e Marie Curie por volta de 1938[1]
Um selo impresso em Cuba honrando o 40 º aniversário de descoberta do rádio mostra Pierre e Marie Curie por volta de 1938[1]

O rádio é um elemento químico cujo número atômico (Z) é igual a 88, seu ponto de fusão é de cerca de 700 ºC, seu ponto de ebulição é cerca de 1140 ºC, sua densidade é de 5,0 g/cm3 e sua massa atômica é 226,05 g/mol.

O elemento rádio possui número atômico 88 e massa atômica 226
O elemento rádio possui número atômico 88 e massa atômica 226

Esse elemento químico é bastante radioativo e foi descoberto por Marie Sklodowska Curie (1867-1934) e seu marido Pierre Curie (1859-1906). Esses cientistas observaram que a pechblenda (óxido de urânio) era um minério muito mais radioativo do que o urânio que o compunha. Por isso, eles suspeitaram da existência de outro elemento radioativo em sua composição. Empenharam-se então em um trabalho árduo para isolar tal elemento. Após três meses, eles conseguiram isolar um elemento radioativo que recebeu o nome de polônio, em homenagem à Polônia, terra natal de Marie Curie.

No entanto, o minério ainda se mostrava mais radioativo do que o polônio. Assim, continuaram em seus trabalhos e, com a ajuda de Gustave Bémont (1867-1932), conseguiram uma fração que continha o elemento mais radioativo até então descoberto, que chamaram, então, de rádio (do latim radius, que significa “raio”).

Depois de quatro anos trabalhando com afinco, Marie Curie, com a ajuda de Pierre e outros colaboradores, conseguiu isolar 1 decigrama de rádio metálico puro. Foi ela também que determinou a massa molar do rádio e algumas de suas propriedades. Por exemplo, esse elemento brilha no escuro e tem radioatividade 2000 vezes maior que a do urânio.

O rádio é um elemento radioativo que brilha espontaneamente
O rádio é um elemento radioativo que brilha espontaneamente[2]

O rádio é um elemento radioativo que vem da série de decaimento do urânio-238 e tório-232. Calcula-se que existe aproximadamente 1 ppt (parte por trilhão) de rádio na crosta terrestre, sendo que ele possui vários isótopos radioativos, sendo que o mais estável é o de massa molar 226,05, que possui meia-vida de 1599 anos.

A descoberta do rádio fez com que esse elemento passasse a ser mais estudado e usado no descobrimento de novas teorias atômicas. O cientista Frederick Soddy (1877-1956) afirmou que quando o rádio se desintegrava, era liberada uma energia quase 1 000 000 de vezes maior do que a obtida por uma mesma massa de matéria submetida a qualquer transformação conhecida antes da descoberta da radioatividade.

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Isso levou a um grande entusiasmo pelo uso do rádio, chegando até mesmo ao ponto de produtos, como cosméticos, que continham esse elemento serem vendidos (alguns apenas afirmavam que tinham, mas era apenas enganação – o que representou, na verdade, um benefício para os consumidores!), prometendo “milagres”, como o rejuvenescimento da pele, tornando-a mais bonita. Havia também produtos médicos e farmacêuticos, tônicos e revigorantes que prometiam a cura para muitas enfermidades, como problemas dermatológicos, fortificação do organismo e até mesmo cura de cânceres.

Reprodução falsa de produtos com rádio vendidos na primeira parte do século XX no Museu Marie Curie em Paris
Reprodução falsa de produtos com rádio vendidos na primeira parte do século XX no Museu Marie Curie em Paris
[3]

Além disso, ele também era usado na composição de tintas luminosas para ponteiros de relógios. Outros produtos que continham rádio eram: coquetel fluorescente para bailes e festas, pasta de dente, roleta de cassino fluorescente, protetor auricular, cigarro, sabões, lâminas de barbear, entre outros.

Como a radioatividade era uma descoberta relativamente nova, as pessoas não se protegiam e, como resultado, muitas morreram. Com o tempo, notou-se que o rádio causava muitos males, principalmente no caso dos consumidores e manipuladores das tintas de rádio e dos trabalhadores das minas de urânio. No caso dos que usavam os cosméticos e outros produtos que continham o rádio, houve casos de irritações, queimaduras, cegueiras e outros resultados só foram amenizados em razão de o rádio ser muito caro e, por isso, eles eram adicionados em pequenas quantidades aos produtos.

Atualmente, o uso do rádio mais benéfico é no tratamento de certos tipos de câncer (braquiterapia).

* Créditos das imagens:

[1] Autor: IgorGolovniov / Shutterstock.com ;
[2] Autor: Mauswiesel/ Wikimedia Commons;
[3] Autor: Travus /Wikimedia Commons.





Videoaula relacionada:

Por: Jennifer Rocha Vargas Fogaça

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