Religião no Egito Antigo

A religião no Egito Antigo tinha grande relevância nas ações cotidianas dos egípcios, como sua crença na vida após a morte, que os levou a mumificar seus mortos.

Parede da tumba do faraó Horemheb com a imagem de Anúbis (cabeça de chacal), deus dos mortos e da mumificação *
Parede da tumba do faraó Horemheb com a imagem de Anúbis (cabeça de chacal), deus dos mortos e da mumificação *

Por antiga religião egípcia, os historiadores compreendem o conjunto de práticas e crenças existentes no Antigo Egito. A religião era algo extremamente importante para os egípcios antigos e tinha grande influência sobre seu cotidiano. Ela ainda era marcada pelo politeísmo, ou seja, na crença em mais de um deus.

Os egípcios acreditavam que a vida de cada pessoa era uma jornada eterna e, portanto, a vida na terra era apenas uma dessas fases. Dentro das crenças egípcias, dois conceitos eram muito importantes: maat e heka. Esses conceitos estavam relacionados com dois deuses do panteão egípcio que levavam esses mesmos nomes.

O conceito de maat significa harmonia e remete à crença egípcia de que as ações em vida de cada pessoa refletem não somente em si, mas também em outras pessoas. É por isso que, para os egípcios, era extremamente importante que cada pessoa fizesse a sua parte e agisse de maneira correta para que a harmonia do universo fosse mantida.

Já o conceito de heka significa mágica e era considerado essencial, pois somente a partir dela os deuses poderiam manifestar o seu poder, e também seria por meio dela que os humanos poderiam manter contato com os deuses. Esse conceito era também indispensável para a sustentação do princípio de harmonia proposto em maat.

Os egípcios acreditavam ainda que seus deuses estavam relacionados com eventos do cotidiano, como os fenômenos da natureza. Dessa forma, para eles, o movimento solar era realizado por Rá, o deus sol que carregava essa estrela pelos céus em sua biga. Eles também acreditavam que práticas comuns da humanidade haviam sido ensinadas pelos deuses, como a agricultura, a qual teria sido ensinada aos humanos por Osíris.

Os egípcios representavam seus deuses de diferentes maneiras, e essas representações poderiam manifestar-se nas formas antropomórfica (forma humana), zoomórfica (forma animal) e antropozoomórfica (as duas formas mistas). Como exemplo de deuses representados em cada uma dessas formas, respectivamente, havia Ísis (deusa da fertilidade), Bastet (deusa dos gatos e da fertilidade) e Anúbis (deus dos mortos e da mumificação).

A religião egípcia possuía sacerdotes de ambos os gêneros, ou seja, tanto homens e mulheres tornavam-se sacerdotes. Em geral, os sacerdotes de cada deus estavam mais relacionados com o seu gênero, assim, uma deusa teria um maior número de sacerdotisas e vice-versa. Esses religiosos passavam por uma longa capacitação para tornarem-se aptos à função e podiam casar e constituir famílias.

A função primordial dos sacerdotes era fazer a manutenção do complexo do templo e realizar a adoração aos deuses. Além disso, eles tinham funções a serem cumpridas com a comunidade, tais como a realização de funerais e casamentos e atender apelos para atuar como curandeiros. A adoração aos deuses no salão principal do templo era permitida somente aos sacerdotes.

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Vida após a morte

A crença dos egípcios na continuidade da vida após a morte era uma característica fundamental de sua religião e tinha um grande peso na vida das pessoas. Essa crença era tão forte que, durante muito tempo, os egípcios evitaram campanhas militares longas por temer que os mortos no estrangeiro não tivessem acesso aos ritos funerários necessários para a continuidade de suas vidas.

Baseando-se ainda nessa crença, os egípcios desenvolveram um processo de mumificação que garantia a preservação do corpo, e isso, acreditavam, garantiria a continuidade da vida. Esse processo de mumificação, segundo os preceitos dessa religiosidade, havia sido ensinado para os homens por Anúbis, ao realizar a primeira mumificação com o corpo de Osíris.

Além disso, os egípcios acreditavam que cada pessoa que morria teria suas ações em vida julgadas em um tribunal regido por Osíris. Nesse tribunal, o morto faria a confissão negativa e teria suas ações julgadas a partir de uma balança, que pesaria o coração (representando as ações) e uma pena (representando a noção de justiça). Os que fossem considerados boas pessoas teriam acesso ao paraíso.

O processo de mumificação era lento e complexo e iniciava-se com a retirada de todos os órgãos do corpo humano, exceto o coração. Em seguida, usavam óleos e resinas especiais para banhar o corpo, pois o uso desses elementos garantiria a sua preservação. Por fim, o corpo era enfaixado com faixas de linho, para, em seguida, ser depositado em seu túmulo com uma série de objetos que se acreditavam úteis na outra vida.

Todo esse processo durava aproximadamente 70 dias, e, em geral, a forma completa de embalsamamento e mumificação era exclusiva para aqueles que possuíam boa condição financeira. Por demandar produtos caros e raros, esse processo era muito dispendioso, e aqueles que não possuíam condição optavam por uma prática mais simples e menos eficaz.

Essa preocupação com a morte levou os egípcios a realizarem grandes tumbas funerárias, nas quais os corpos eram depositados. Destacaram-se, entre elas, as mascabas, hipogeus e pirâmides, planejadas e construídas única e exclusivamente como tumbas. Dessas construções, as mais famosas foram as pirâmides, com destaque para as Pirâmides de Gizé, localizadas nos arredores de Cairo, capital do Egito.

* Créditos da imagem: Jakub Kyncl e Shutterstock

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Por: Daniel Neves Silva

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