Ministério da Conciliação no Império

O Ministério da Conciliação foi uma manobra política do Marquês de Paraná para aproximar os liberais e conter os ideais republicanos.

Honório Hermeto Carneiro Leão, o Marquês de Paraná, responsável pela formação do Ministério da conciliação, em retrato de Emil Bauch (1823-1864)
Honório Hermeto Carneiro Leão, o Marquês de Paraná, responsável pela formação do Ministério da conciliação, em retrato de Emil Bauch (1823-1864)

O Ministério da Conciliação foi uma costura política realizada em 1853 pelo gabinete do Conselho de Ministros, comandado pelo mineiro Honório Hermeto Carneiro Leão, o Marquês de Paraná. Seu objetivo era conciliar as ações políticas dos dois partidos do Império, o Conservador e o Liberal, em torno de interesses comuns. Por isso, convidou membros dos partidos para os ministérios, garantindo, dessa forma, a estabilidade política do Império.

Desde os anos anteriores, os Ministérios tinham uma composição conservadora, afastando do poder os liberais. A ação do Marquês de Paraná com a formação do Ministério da Conciliação era tentar também conter as insatisfações liberais com o governo imperial, principalmente de sua ala mais radical. A Revolta Praieira, que havia sido reprimida anos antes, ainda ecoava na área política, apresentando-se como uma ameaça republicana ao Império.

O Mistério da Conciliação buscava, assim, aproximar os setores moderados dos liberais junto ao governo, isolando seus membros mais radicais. Buscava também isolar a ala radical dos conservadores.

O ponto de mediação era a aproximação dos setores rurais dos liberais, que também defendiam os interesses latifundiários escravistas como os conservadores. Dessa forma, superavam-se as pequenas divergências políticas em favor de um desenvolvimento econômico que se mostrava promissor com a ascensão das lavouras de café.

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Segundo o historiador Capistrano de Abreu, o Gabinete conciliador era um “termo honesto e decente para qualificar a prostituição política de uma época” [1], evidenciando a manobra do poder executivo imperial para conter a oposição ao regime, e a aceitação dessa contenção pelos membros dos dois partidos.

Apesar do Gabinete de Conciliação ter-se extinguido formalmente em 1858, essa proposta política se manteve até a década de 1870. A conciliação política marcou o apogeu do período Imperial, financiado pelos recursos financeiros advindos da exportação do café. Mas as pressões decorrentes da Guerra do Paraguai (1864-1870) e das ações pela abolição da escravidão levariam à ruptura da conciliação, resultando na criação do Partido Republicano por setores radicais liberais, em 1870.

[1] ABREU, Capistrano de. Fases do Segundo Império. Rio de Janeiro: Briguiet, 1969.

Por: Tales Pinto

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